terça-feira, 23 de maio de 2017

Justo eu...

     Neste semestre a interdisciplina de Projeto Pedagógico em Ação, propôs que desenvolvessemos em nossas salas de aula Projetos de Aprendizagem. Para isso, a interdisciplina lançou uma proposta metodológica de trabalho onde primeiramente formaríamos um grupo (eu, Melissa, Naiara e Natália) para que então lêssemos a respeito dos métodos globalizados para que pudéssemos apropriar-nos das teorias com a finalidade de nos encontrarmos teoricamente dentro da nossa metodologia de trabalho que cada uma desenvolveria em sala de aula. 
    O nosso grupo então criou um blog para que nele pudéssemos registrar a nossa caminhada trocando experiências daquilo que estávamos produzindo em sala de aula com nossos alunos. Então cada uma de nós, dentro da sua turma deu início ao trabalho: o Projeto de Aprendizagem. Desde o início do trabalho acreditei muito na proposta pois assim como Hernández (1998, p.19) também acredito que "os problemas que lhes interessam e as preocupações que têm em suas vidas não encontram resposta num currículo acadêmico, fragmentado e organizado por matérias disciplinares", contudo, confesso que desde o começo não levava muita fé no trabalho com os alunos. Achava que eles não estariam maduros para a proposta, que a turma iria se dispersar demais, enfim... Mas, precisava seguir e seguimos.
      Como minha turma está muito ligada ao jogo Minecraft, o nosso trabalho girou basicamente em torno de tecnologia e jogos digitais, e foi então que surgiram as perguntas:

1) Por que o Minecraft é quadrado?
2) Para que serve o videogame?
3) Jogos violentos influenciam de alguma maneira?
4) A tecnologia ajuda as crianças a aprenderem?
5) O jogo Minecraft é uma tecnologia?
6) Os jogos digitais tem alguma inportância na nossa vida?

      A partir delas, dividi a turma em grupos de interesses e foi então que cada grupo fez o primeiro quadro de dúvidas e certezas para darmos início a primeira etapa da pesquisa:


                  

 


      Em   uma próxima aula, depois de darmos início à pesquisa, montamos, coletivamente, o nosso primeiro mapa conceitual:

      
   Sinceramente, eu fiquei realmente emocionada, entusiasmada e tudo o mais com a produção do nosso mapa! Não imaginava que pudéssemos ir tão longe! E as reflexões deles sobre o mapa? Sensacionais! Confiram o que os próprios alunos falaram a respeito da produção do mapa: Camille (que colaborou duas vezes!), Maria Clara, Natália e Cibelly.
     Desde o início do trabalho eu subestimei o conhecimento dos meus alunos e a capacidade deles em realizar o trabalho, justo eu, a professora que busca ser mais reflexiva, justo eu que acho que considero os conhecimentos trazidos pelos meus alunos, justo eu, a seguidora de Paulo Freire. Pois bem, ainda tenho uma longa caminhada para me fazer reflexiva. Que bom que comecei a dar os primeiros passos.

quarta-feira, 17 de maio de 2017

"Je pense, donc je suis"

    Muito se fala sobre ser um professor reflexivo, na importância de sermos reflexivos na nossa prática docente, afinal, está na moda apropriar-se desse termo para definir certo tipo de professor. Mas que tipo de professor seria esse tal de professor-reflexivo? No que consiste isso?
    Como qualquer outro conceito, se não houver consciência o conceito esvazia-se e esse professor reflexivo coisifica-se, perde a sua identidade, tal e qual como concepções tecnocráticas ditam que aconteça e "porque não queremos tornar-nos coisas, mas seres autônomos, estamos aqui..." (ALARCÃO, 1996). Sendo assim, não podemos deixar que o conceito de professor-reflexivo esvazie-se para que saibamos para onde caminhamos com a nossa reflexão.
     Desta maneira a famosa frase de René Descartes "Penso, logo existo" cabe muito bem a esta reflexão, pois somos quando pensamos: somos mais autônomos, somos mais capazes de modificar a nossa realidade, somos mais capazes de refletir sobre a reflexão e a nós professores, a responsabilidade de reflexão é ainda maior pelo fato dos nosso alunos estarem em processo de "autonomização" (ALARCÃO,1996)  e porque
... o conceito de professor reflexivo não se esgota no imediato da sua acção docente. Ser professor implica saber quem sou, as razões pelas quais faço o que faço e conciencializar-me do lugar que ocupo na sociedade. Numa perspectiva de promoção do estatuto da profissão docente, os professores têm de ser agentes activos do seu próprio desenvolvimento e do funcionamento das escolas como organização ao serviço do grande projecto social que é a formação dos educandos.
       Contudo, o refletir dentro da sala de aula não cabe somente a nós professores, os alunos também precisam ser reflexivos para existirem e não serem postos à margem do conhecimento. Quanto maior for a capacidade do nosso aluno ser reflexivo, maior será a sua autonomia, a sua consciência sobre o objeto a ser aprendido.
        Sabemos que esse processo de mudança não é fácil por inúmeros motivos e a frase "Mas sempre foi assim" é um dos entraves. Porém, se eu colocar-me na condição de alienação, sem refletir sobre, o que é uma escolha que cabe a cada um, devo estar ciente que serei menos autônoma, logo mais dependente, prestes a me tornar uma coisa.