Ao retomar os meus trabalhos aqui, lendo o texto "Questões sobre o tempo no espaço escolar", deparo-me com um trecho do belíssimo poema de Drummond "Cortar o tempo":
Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão. Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui pra diante vai ser diferente.
O tempo é tão emblemático e complexo para nós adultos e nós insistimos em padronizar o tempo das crianças dentro do espaço escolar, fragmentando-o, tornando-o descontínuo. Fazendo com que aqueles que não obedecem àquele tempo estabelecido sejam colocados à margem: da sala de aula, do aprendizado, da sociedade.
Que eu consiga entender melhor o meu tempo e ter mais empatia com o tempo do outro, não cortando-o em fatias, fazendo com que o milagre da renovação possa acontecer em qualquer momento, acreditando sempre que o diferente pode começar aqui e agora.