sábado, 15 de julho de 2017

Reflexões

     Vivemos tempos difíceis para os sonhadores, para todos aqueles professores, que assim como eu, querem um mundo melhor, onde a educação, que é direito de todos, seja de qualidade e realmente para todos, onde, reconhecendo a função social dela possamos fazer de cada aula um ato político, pois, como já dizia Paulo Freire, não há neutralidade na educação.
        Estando consciente dos tempos em que vivemos, lendo o texto "Políticas públicas e gestão da educação em tempos de redefinição do papel do Estado" e acompanhando o nosso momento político tanto no âmbito federal, quanto no estadual e no municipal, o que notamos é que a educação caminha para o lado totalmente contrário, vide a atual situação da nossa educação na rede municipal de Porto Alegre, que passa por uma crise terrível, como bem escreveu Juremir Machado em seu texto Aprender com o erro: "Estamos vivendo a pedagogia do retrocesso".
      Desde o início do seu mandato, o prefeito de Porto Alegre, senhor Nelson Marchezan, espalha aos quatro ventos que a prefeitura está em crise, assim como no Plano de Reforma do Estado, o prefeito decretou a falência do município. As suas estratégias são muito parecidas com o plano anteriormente citado e o maior vilão das conta públicas são os funcionários públicos, principalmente nós professores e as políticas sociais, tal e qual Peroni já anunciava em 2008 que aconteceu com o nosso país e deu o pontapé inicial no Plano de Reforma nos idos de 2000
      Assim como no âmbito federal, o prefeito de Porto Alegre tem pressionado para colocar em votação o seu pacotaço e desde o dia 21 de fevereiro, ele, juntamente com o seu secretário de educação, vem golpeando a gestão democrática, princípio constitucional, dentro das escolas da rede, desmontando o currículo, negando o diálogo com a comunidade escolar argumentando que há uma grande crise nas contas da prefeitura e embasado no relatório do TCE (Tribunal de CONTAS do Estado) que cita em seu texto que a forma como os diretores são escolhidos nas escolas, através de eleição, é um dos fatores que compromete a qualidade do ensino fundamental.
      Se um tribunal que fiscaliza as contas públicas dá conta de que o ensino em uma rede não vai bem há alguma coisa de errado. A que, ou a quem, servem os interesses do TCE? Da sociedade civil ou do mercado? Da eficiência e eficácia da Educação como se essa estivesse acontecesse em regiões nobres da cidade onde tudo funciona? Como se a maioria das escolas não estivesse localizada em zonas periféricas da cidade? Tentando medir a qualidade na educação como se essa estivesse lidando com máquinas, desconsiderando inúmeros outros fatores?    
      A partir disso surge a questão principal: e a função social da escola fica onde? E o direito à educação àqueles que historicamente ficaram fora? É pela educação popular, tendo consciência da função social das nossas escolas, pensando naquele aluno de periferia que vive em zonas de extrema vulnerabilidade social e acreditando que é com a gestão democrática que construiremos uma escola de todos e para todos que nós professores da rede municipal de Porto Alegre seguimos na pesada e árdua luta por uma educação de qualidade, é acreditando que se pode, apesar de temer, fazer do nosso país um lugar melhor de se viver que seguiremos tomando as ruas.
        

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