sexta-feira, 22 de junho de 2018

O meu "calcanhar de Aquiles"

Venho por meio dessa postagem confessar que meu "calcanhar de Aquiles" é a avaliação: se me perguntarem a teoria sei de cabo a rabo, mas na hora de olhar para o meu aluno e ver o que ele aprendeu ou não sempre acho que alguma coisa me escapa aos olhos.
Já transpus a barreira classificatória e estou em total acordo que cada aluno deve ser avaliado segundo o seu próprio desempenho e servir ele mesmo como parâmetro para a avaliação, contudo, ainda acho que alguma coisa me escapa aos olhos.

“A prática da avaliação da aprendizagem, para manifestar-se como tal, deve apontar para a busca do melhor de todos os educandos, por isso é diagnóstica, e não voltada para a seleção de uns poucos, como se comportam os exames. Por si, a avaliação, como dissemos, é inclusiva e, por isso mesmo, democrática e amorosa. Por ela, onde quer que se passe, não há exclusão, mas sim diagnóstico e construção. Não há submissão, mas sim liberdade. Não há medo, mas sim espontaneidade e busca. Não há chegada definitiva, mas sim travessia permanente, em busca do melhor. Sempre!”
Cipriano Luckesi
Porém, ainda que pensando sobre o ato de avaliar eu considere que alguma coisa me escapa aos olhos, sinto que me aproximo do que Luckesi pensa e sigo buscando e tentando fazer o melhor.

quinta-feira, 21 de junho de 2018

Alfabetizar na EJA: EMPODERAR

Amor
Lutar
      Fomentar
Amar
   Buscar
    Efetivar
  Trazer
   Iniciar
             Zip-zap-zum
           Argumentar
     Resistir


“A alfabetização, dentro dessa perspectiva mais ampla, não apenas empowers as pessoas mediante uma combinação de habilidades pedagógicas e de análise crítica, como também se torna um veículo para estudar de que modo definições culturais de gênero, raça, classe e subjetividade se constituem como construtos tanto históricos quanto sociais. Além disso, a alfabetização, neste caso, torna-se o mecanismo pedagógico e político fundamental mediante o qual instaurar as condições ideológicas e as práticas sociais necessária para o desenvolvimento de movimentos sociais que reconheçam os imperativos de uma democracia radical e lutem por eles.”
(Giroux,p.04)

Os afetos e a aprendizagem

Os afetos e a aprendizagem, para mim e para Wallon são indissociáveis, tanto que ao pedir para um aluno escrever seus desejos para o ano letivo que recém iniciava ele colocou como um dos desejos dele fazer uma pessoa, a qual ele acabara de conhecer, feliz e essa sortuda era nada mais nada menos que eu, a sua professora.
É contra a natureza tratar a criança fragmentariamente. Em cada idade, ela constitui um conjunto indissociável e original. Na sucessão de suas idades, ela é um único e mesmo ser em curso de metamorfoses. Feita de contrastes e de conflitos, a sua unidade será por isso ainda mais susceptível de desenvolvimento e de novidade. (WALLON, 2007, p. 198).
Mais uma vez eu retomo aqui a interdisciplina que tivemos logo nos primeiros semestres que falava sobre a corporeidade, sobre considerar o indivíduo em todos os seus aspectos, um todo que não poderia nunca ser fragmentado, muito menos na hora da aprendizagem.

Fim de trimestre

Na última semana acabou mais um trimestre na minha escola e eu finalizei um trimestre lindo com os meus alunos. Definitivamente sou uma apaixonada por dar aula e estou amando muito a minha turma de 4º ano deste ano. Eles são críticos, participativos, empáticos, solidários e estão sempre dispostos a embarcar junto comigo numa viagem para aprender.
Nesse trimestre demos início ao nosso projeto de aprendizagem sobre as meninas no futebol. Tudo começou com uma música da MC Sophia, "Brincadeira de menina", eles então começaram a questionar as brincadeiras de menina até que chegamos no futebol, passando por conceitos complexos como machismo e feminismo.
Mais adiante pretendo falar um pouco mais do projeto, mas por hora já posso dizer que estamos aprendendo muito, nos reconhecendo, enxergando e questionando um pouco mais essa sociedade patriarcal e cheia de desamor.


Choque de cultura

A sala de aula, desde sempre, foi um lugar de encontro entre culturas, contudo, ultimamente tem-se cruzado um verdadeiro embate, um choque de cultura quando o assunto é tecnologia: de um lado os defensores da cultura analógica, do outro aqueles que defendem a cultura digital. Cada qual com seus argumentos, com suas necessidades. Geralmente, nessa polarização, professores ficam na lá atrás e alunos muito à frente. Mas e como ensinar em meio a esse choque de cultura? Talvez primeiramente poderíamos refletir a respeito desse novo sujeito, coo nos convida a fazer Schlemmer (2006):

Poderíamos pensar que estamos presenciando o surgimento de um novo sujeito da aprendizagem, o “nativo digital”, pelo fato de ter nascido nesse mundo altamente “tecnologizado”, em rede, dinâmico, rico em possibilidades de informação, comunicação e interação? É evidente para quem convive com os “nativos digitais” perceber a forma diferenciada com que se comunicam e se relacionam com a informação. Eles têm outra forma de ser e estar no mundo, de conviver com as Tecnologias Digitais – TDs, fazendo emergir o que Castells (1999) denomina de “cultura da virtualidade 7 real ”. Vivendo nesse mesmo mundo, mas muitas vezes se sentindo desconfortável com essa “invasão tecnológica”, estamos nós, “imigrantes digitais”, tardiamente apresentados, introduzidos, ou de certa forma, “obrigados” a conviver com as TDs. Isso explica o motivo pelo qual muitos de nós ainda apresentam uma forma um tanto quanto enviesada de se relacionar com esses meios, o que é facilmente evidenciado quando e-mails e textos são impressos para serem lidos, ou, após serem encaminhados, liga-se para saber se o sujeito recebeu. Isso faz com que pareçamos estrangeiros em nosso próprio mundo, como alguém que tenta falar a “língua digital”, mas com um forte sotaque analógico. (p.02-03)
Contudo, porém, entretanto, não basta apenas pensar que basta colocar esses "nativos digitais" dentro de uma sala de informática para jogar alguma coisa no computador e passar o tempo. Pensar em tecnologia da informação é pensar para além disso é pensá-la para:
o desenvolvimento da autonomia , da autoridade , da cooperação , do respeito mútuo e da solidariedade interna; para desenvolver competências; para ajudar a compreender como aprendemos, a partir de reflexões sobre o próprio processo de aprender ao utilizar as tecnologias – metacognição. Essa forma de perceber o uso das TDs é viabilizada por meio da criação de projetos de aprendizagem que priorizem a interdisciplinaridade; da proposição de casos, desafios e da construção de soluções individuais e coletivas; da constituição de redes de comunicação, de interação e de aprendizagem; da formação de comunidades virtuais. (SCHLEMMER, p.05) 
Desta maneira, torna-se necessário refletirmos sobre essa formação do professor para que possamos cada vez mais nos sentirmos em casa com o uso da tecnologia em sala de aula, integrando-as às atividades e dando sentido ao seu uso. 


As tecnologias e a aprendizagem

      Logo no início das nossas aulas de Educação e Tecnologias da Informação e da Comunicação o professor propôs que pensássemos nas tecnologias do nosso tempo de estudantes da educação básica e a partir disso montamos uma linha do tempo e refletimos um pouco a respeito das tecnologias dentro da escola, a sua evolução e os desafios de se trabalhar com ela dentro de instituições tão precárias de infraestrutura.
        Basicamente todas nós dentro de um grupo de três alunas tínhamos acesso às mesmas tecnologias e ao realizar um comparativo com o agora, pudemos perceber que, apesar da tecnologia estar muito avançada, ela ainda não chega ao alcance de todos, seja dentro ou fora da escola.
      A charge acima ilustra um pouco a questão da tecnologia em sala de aula e dá indícios do quanto as duas ainda estão distantes, do quanto o acesso a ela ainda é precário dentro da escola e o quanto ela poderia conectar os alunos com o mundo aqui fora.

quarta-feira, 20 de junho de 2018

EJA: Pra quem e por quê?


       Podemos conceituar a Educação de Jovens e Adultos como um “processo inicial de alfabetização, formando e incentivando o leitor de livros e das múltiplas linguagens visuais juntamente com as dimensões do trabalho e da cidadania”.
       A EJA tem funções e finalidades específicas, dentre as funções dela podemos citar a função reparadora, por restaurar um direito negado em outrora, que seria o de acesso e permanência na escola no tempo certo; função equalizadora, que dá amplo acesso a todos e todas; e função qualificadora, tendo como base a incompletude do ser humano.
       Baseadas nas leituras sobre o tema, acreditamos que os principais desafios para a Educação de Jovens e Adultos no Brasil atualmente sejam a distância entre a escola e a realidade do aluno, o qual tem toda uma bagagem de vida anterior àquele ambiente escolar e também que ao retornar a esse ambiente o aluno depara-se com aquela mesma escola que um dia o excluiu e ela ainda tem as mesmas propostas pedagógicas excludentes. Além disso, essa educação que aí está posta e  mais voltada para o mercado de trabalho dificulta a formação de cidadãos conscientes do seu papel na sociedade.

EJA: Ensinação de Jovens e Adultos



Afinal, o que é realmente importante que jovens e adultos aprendam na escola?