E hoje foi o dia do nosso primeiro encontro oficial para colocar o nosso plano maligno de dominar o mundo em ação. Não, não é para tanto. Hahaha! Apenas que hoje, eu e a minha colega da faculdade e amiga, Melissa Berny nos reunimos para pensarmos juntas o nosso estágio curricular obrigatório.
Com um pouco de medo e muito entusiasmo abraçamos essa etapa do curso juntas e como já fizemos em outros momentos, vamos juntas aprender e fazer com que nossos alunos descubram as delícias (ou não) que é aprender de forma colaborativa.
Fico muito feliz de traçar esse caminho junto dela, que em um momento em que eu já estava desistindo do curso praticamente me pegou pela mão e me trouxe de volta pra UFRGS, tenho muito orgulho em ter uma companheira de estudos e reflexões tão competente, inteligente e empoderada. Sei que nem tudo será flor nessa caminhada que decidimos fazer juntas, mas tenho certeza absoluta que o que não nos faltará é aprendizado! Bora Mel!
Este Blog foi criado a partir da proposta da professora Rosane Aragon para a Interdisciplina Seminário Integrador do curso de Pedagogia na modalidade a distância da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Nele há muita reflexão a partir das atividades que realizo nas interdisciplinas, do meu dia-a-dia na escola e da minha caminhada pessoal e profissional. O Blog é aquele amigo que a gente conhece no início da faculdade e nos acompanha até a formatura.
sábado, 8 de setembro de 2018
sexta-feira, 7 de setembro de 2018
# 01 - Reunião de Estágio
Na última quarta-feira, dia 4 de setembro, tivemos a nossa primeira reunião de estágio com a professora Aline Hernandez, onde ela muito tranquila e organizadamente nos deu as orientações iniciais de como esses próximos meses até janeiro irão desenrolar-se.
Tive um misto de sentimentos, veio tudo junto: ansiedade, tranquilidade, agonia, felicidade. Ansiedade porque chegou o grande momento, não é o grand-finale, mas dá pra ser considerado a cereja do bolo, aquele momento em que farei a transposição didática de boa parte do que vi e vivi no curso.
Também senti muita tranquilidade porque tenho a certeza de que tenho junto de mim uma grande orientadora, atenta a tudo e a todos, perspicaz, competente e que com certeza vai me cobrar muito e querer de mim a minha melhor versão.
Muiiiitoooo angustiada porque ou eu engulo os prazos e vou além ou aqui pra mim vai ser o fim da linha, caso eu seja engolida por eles. Tem muita coisa em jogo pra eu deixar passar esse momento de forma displicente, sem entrega, sem ler cada linha atenta a mim e aos meus.
E claro, apesar desses sentimentos descritos, a felicidade também me acompanha, aquele gosto do desafio, de fazer algo diferente, de ser mais para os meus alunos, de fazer os meus alunos terem autonomia para também serem mais.
Tive um misto de sentimentos, veio tudo junto: ansiedade, tranquilidade, agonia, felicidade. Ansiedade porque chegou o grande momento, não é o grand-finale, mas dá pra ser considerado a cereja do bolo, aquele momento em que farei a transposição didática de boa parte do que vi e vivi no curso.
Também senti muita tranquilidade porque tenho a certeza de que tenho junto de mim uma grande orientadora, atenta a tudo e a todos, perspicaz, competente e que com certeza vai me cobrar muito e querer de mim a minha melhor versão.
Muiiiitoooo angustiada porque ou eu engulo os prazos e vou além ou aqui pra mim vai ser o fim da linha, caso eu seja engolida por eles. Tem muita coisa em jogo pra eu deixar passar esse momento de forma displicente, sem entrega, sem ler cada linha atenta a mim e aos meus.
E claro, apesar desses sentimentos descritos, a felicidade também me acompanha, aquele gosto do desafio, de fazer algo diferente, de ser mais para os meus alunos, de fazer os meus alunos terem autonomia para também serem mais.
sábado, 25 de agosto de 2018
Go! Go! Go!
Penúltimo semestre, semestre do estágio curricular obrigatório, reta final. Sinceramente, dá um baita frio na barriga pensar que agora será o momento mais desafiador do curso, o momento de fazer a "transposição didática", de colocar na roda, ou melhor dizendo, na escola, tudo aquilo (ou uma boa parte) que vimos durante todos os semestres na Pedagogia, a qual tem como concepção de estágio, que consta no nosso Manual do Estágio da UFRGS (2010), o seguinte:
O estágio como componente curricular tem importância fundamental para a formação docente. É sabido que apenas a inscrição na realidade escolar não é garantia para o desenvolvimento das competências necessárias à formação docente. É necessário que a partir das experiências concretas oportunizadas pelo efetivo exercício da docência, o acadêmico tenha condições de refletir, analisar e compreender sua ação, identificar problemas e, subsidiando-se da teoria, buscar alternativas para o enfrentamento da situação, voltando à prática para então modificá-la e ressignificá-la, em um movimento contínuo e dinâmico de ação-reflexão-ação.
Sendo assim, o estágio também será o momento de refletir sobre alguns "habitus", de percebê-los e questioná-los, de pensar sobre, de vir aqui no blog e fazer a metareflexão, de utilizar esse rico espaço como local para alinhar esses pensamentos e ver além para que a mudança necessária aconteça.
sexta-feira, 22 de junho de 2018
O meu "calcanhar de Aquiles"
Venho por meio dessa postagem confessar que meu "calcanhar de Aquiles" é a avaliação: se me perguntarem a teoria sei de cabo a rabo, mas na hora de olhar para o meu aluno e ver o que ele aprendeu ou não sempre acho que alguma coisa me escapa aos olhos.
Já transpus a barreira classificatória e estou em total acordo que cada aluno deve ser avaliado segundo o seu próprio desempenho e servir ele mesmo como parâmetro para a avaliação, contudo, ainda acho que alguma coisa me escapa aos olhos.
Já transpus a barreira classificatória e estou em total acordo que cada aluno deve ser avaliado segundo o seu próprio desempenho e servir ele mesmo como parâmetro para a avaliação, contudo, ainda acho que alguma coisa me escapa aos olhos.
“A prática da avaliação da aprendizagem, para manifestar-se como tal, deve apontar para a busca do melhor de todos os educandos, por isso é diagnóstica, e não voltada para a seleção de uns poucos, como se comportam os exames. Por si, a avaliação, como dissemos, é inclusiva e, por isso mesmo, democrática e amorosa. Por ela, onde quer que se passe, não há exclusão, mas sim diagnóstico e construção. Não há submissão, mas sim liberdade. Não há medo, mas sim espontaneidade e busca. Não há chegada definitiva, mas sim travessia permanente, em busca do melhor. Sempre!”Porém, ainda que pensando sobre o ato de avaliar eu considere que alguma coisa me escapa aos olhos, sinto que me aproximo do que Luckesi pensa e sigo buscando e tentando fazer o melhor.
Cipriano Luckesi
quinta-feira, 21 de junho de 2018
Alfabetizar na EJA: EMPODERAR
Amor
Lutar
Fomentar
Amar
Buscar
Efetivar
Trazer
Iniciar
Zip-zap-zum
Argumentar
Resistir
“A alfabetização, dentro dessa
perspectiva mais ampla, não apenas empowers as
pessoas mediante uma combinação de habilidades pedagógicas e de análise
crítica, como também se torna um veículo para estudar de que modo definições
culturais de gênero, raça, classe e subjetividade se constituem como construtos
tanto históricos quanto sociais. Além disso, a alfabetização, neste caso,
torna-se o mecanismo pedagógico e político fundamental mediante o qual
instaurar as condições ideológicas e as práticas sociais necessária para o
desenvolvimento de movimentos sociais que reconheçam os imperativos de uma
democracia radical e lutem por eles.”
(Giroux,p.04)
Os afetos e a aprendizagem
Os afetos e a aprendizagem, para mim e para Wallon são indissociáveis, tanto que ao pedir para um aluno escrever seus desejos para o ano letivo que recém iniciava ele colocou como um dos desejos dele fazer uma pessoa, a qual ele acabara de conhecer, feliz e essa sortuda era nada mais nada menos que eu, a sua professora.
É contra a natureza tratar a criança fragmentariamente. Em cada idade, ela constitui um conjunto indissociável e original. Na sucessão de suas idades, ela é um único e mesmo ser em curso de metamorfoses. Feita de contrastes e de conflitos, a sua unidade será por isso ainda mais susceptível de desenvolvimento e de novidade. (WALLON, 2007, p. 198).Mais uma vez eu retomo aqui a interdisciplina que tivemos logo nos primeiros semestres que falava sobre a corporeidade, sobre considerar o indivíduo em todos os seus aspectos, um todo que não poderia nunca ser fragmentado, muito menos na hora da aprendizagem.
Fim de trimestre
Na última semana acabou mais um trimestre na minha escola e eu finalizei um trimestre lindo com os meus alunos. Definitivamente sou uma apaixonada por dar aula e estou amando muito a minha turma de 4º ano deste ano. Eles são críticos, participativos, empáticos, solidários e estão sempre dispostos a embarcar junto comigo numa viagem para aprender.
Nesse trimestre demos início ao nosso projeto de aprendizagem sobre as meninas no futebol. Tudo começou com uma música da MC Sophia, "Brincadeira de menina", eles então começaram a questionar as brincadeiras de menina até que chegamos no futebol, passando por conceitos complexos como machismo e feminismo.
Mais adiante pretendo falar um pouco mais do projeto, mas por hora já posso dizer que estamos aprendendo muito, nos reconhecendo, enxergando e questionando um pouco mais essa sociedade patriarcal e cheia de desamor.
Choque de cultura
A sala de aula, desde sempre, foi um lugar de encontro entre culturas, contudo, ultimamente tem-se cruzado um verdadeiro embate, um choque de cultura quando o assunto é tecnologia: de um lado os defensores da cultura analógica, do outro aqueles que defendem a cultura digital. Cada qual com seus argumentos, com suas necessidades. Geralmente, nessa polarização, professores ficam na lá atrás e alunos muito à frente. Mas e como ensinar em meio a esse choque de cultura? Talvez primeiramente poderíamos refletir a respeito desse novo sujeito, coo nos convida a fazer Schlemmer (2006):
Poderíamos pensar que estamos presenciando o surgimento de um novo sujeito da aprendizagem, o “nativo digital”, pelo fato de ter nascido nesse mundo altamente “tecnologizado”, em rede, dinâmico, rico em possibilidades de informação, comunicação e interação? É evidente para quem convive com os “nativos digitais” perceber a forma diferenciada com que se comunicam e se relacionam com a informação. Eles têm outra forma de ser e estar no mundo, de conviver com as Tecnologias Digitais – TDs, fazendo emergir o que Castells (1999) denomina de “cultura da virtualidade 7 real ”. Vivendo nesse mesmo mundo, mas muitas vezes se sentindo desconfortável com essa “invasão tecnológica”, estamos nós, “imigrantes digitais”, tardiamente apresentados, introduzidos, ou de certa forma, “obrigados” a conviver com as TDs. Isso explica o motivo pelo qual muitos de nós ainda apresentam uma forma um tanto quanto enviesada de se relacionar com esses meios, o que é facilmente evidenciado quando e-mails e textos são impressos para serem lidos, ou, após serem encaminhados, liga-se para saber se o sujeito recebeu. Isso faz com que pareçamos estrangeiros em nosso próprio mundo, como alguém que tenta falar a “língua digital”, mas com um forte sotaque analógico. (p.02-03)
Contudo, porém, entretanto, não basta apenas pensar que basta colocar esses "nativos digitais" dentro de uma sala de informática para jogar alguma coisa no computador e passar o tempo. Pensar em tecnologia da informação é pensar para além disso é pensá-la para:
o desenvolvimento da autonomia , da autoridade , da cooperação , do respeito mútuo e da solidariedade interna; para desenvolver competências; para ajudar a compreender como aprendemos, a partir de reflexões sobre o próprio processo de aprender ao utilizar as tecnologias – metacognição. Essa forma de perceber o uso das TDs é viabilizada por meio da criação de projetos de aprendizagem que priorizem a interdisciplinaridade; da proposição de casos, desafios e da construção de soluções individuais e coletivas; da constituição de redes de comunicação, de interação e de aprendizagem; da formação de comunidades virtuais. (SCHLEMMER, p.05)Desta maneira, torna-se necessário refletirmos sobre essa formação do professor para que possamos cada vez mais nos sentirmos em casa com o uso da tecnologia em sala de aula, integrando-as às atividades e dando sentido ao seu uso.
As tecnologias e a aprendizagem
Logo no início das nossas aulas de Educação e Tecnologias da Informação e da Comunicação o professor propôs que pensássemos nas tecnologias do nosso tempo de estudantes da educação básica e a partir disso montamos uma linha do tempo e refletimos um pouco a respeito das tecnologias dentro da escola, a sua evolução e os desafios de se trabalhar com ela dentro de instituições tão precárias de infraestrutura.
Basicamente todas nós dentro de um grupo de três alunas tínhamos acesso às mesmas tecnologias e ao realizar um comparativo com o agora, pudemos perceber que, apesar da tecnologia estar muito avançada, ela ainda não chega ao alcance de todos, seja dentro ou fora da escola.
A charge acima ilustra um pouco a questão da tecnologia em sala de aula e dá indícios do quanto as duas ainda estão distantes, do quanto o acesso a ela ainda é precário dentro da escola e o quanto ela poderia conectar os alunos com o mundo aqui fora.
quarta-feira, 20 de junho de 2018
EJA: Pra quem e por quê?
Podemos conceituar a Educação de
Jovens e Adultos como um “processo inicial de alfabetização, formando e
incentivando o leitor de livros e das múltiplas linguagens visuais juntamente
com as dimensões do trabalho e da cidadania”.
A EJA tem funções e finalidades
específicas, dentre as funções dela podemos citar a função reparadora, por restaurar
um direito negado em outrora, que seria o de acesso e permanência na escola no
tempo certo; função equalizadora, que dá amplo acesso a todos e todas; e função
qualificadora, tendo como base a incompletude do ser humano.
Baseadas nas leituras sobre o tema,
acreditamos que os principais desafios para a Educação de Jovens e Adultos no
Brasil atualmente sejam a distância entre a escola e a realidade do aluno, o
qual tem toda uma bagagem de vida anterior àquele ambiente escolar e também que
ao retornar a esse ambiente o aluno depara-se com aquela mesma escola que um
dia o excluiu e ela ainda tem as mesmas propostas pedagógicas excludentes. Além
disso, essa educação que aí está posta e
mais voltada para o mercado de trabalho dificulta a formação de cidadãos
conscientes do seu papel na sociedade.
terça-feira, 8 de maio de 2018
Piaget & Vygotsky
As teorias de Piaget e Vygotsky são referência quando o assunto é construção do conhecimento ainda nos dias de hoje. Ler e refletir sobre ambas é sempre importante para quem leciona ou pensa educação. Em alguns aspectos tais teorias caminham lado
a lado, mas em outros acabam tendo algumas diferenças.
Piaget tinha o objetivo de “resolver os
grades problemas epistemológicos” (Montoya, ) e dessa forma a linguagem não
podia ficar de fora de toda a sua teoria, ele tratava da questão da aquisição
da linguagem atrelada à constituição da função simbólica. Trazia à luz a
questão da imitação como meio de reproduzir os caracteres individuais dos
objetos, associando a essa a coordenação dos esquemas sensório motores e a
interiorização de ambos como essencial para a constituição da função simbólica.
Quanto à construção do conhecimento, para Piaget, essa se dá num processo de
troca entre o meio e o indivíduo, a partir da equilibração entre assimilação e
acomodação, processos distintos do indivíduo, um interno e o outro externo.
As teorias de Piaget e Vygotsky
encontram-se justamente na questão da aquisição da linguagem, onde ambos
encontram na importância dos símbolos a constituição da mesma. Os dois autores
exploram a questão dos significados e significantes e vêem a interação um
importante aspecto na linguagem. Contudo, em relação ao conhecimento, se para
Piaget esse processo era ao mesmo tempo interno e externo, para Vygotsky essa
construção se dava basicamente na
negociação de sentidos, a qual além de construir também internaliza esse
conhecimento. Desta maneira, para este último autor, o sujeito adquire conhecimento
a partir de relações interpessoais, na troca com o mundo.
domingo, 6 de maio de 2018
A escola possível
A escola como conhecemos hoje não surgiu do nada e nem
tampouco para nada. A sua engrenagem, desde o seu início vem sendo montada com
objetivos muito claros para quem a concebeu e que servem somente aos interesses
de uma minoria branca, rica e patriarcal. Desde então tentam fazer com que a
escola seja natural a tal ponto que seja impensável a possibilidade de
questioná-la “Isto explica por que muitas críticas mais ou menos radicais à
instituição escolar são imediatamente identificadas com concepções quiméricas
que levam ao caos e ao irracionalismo.” (VARELLA, 1992, p.2).
Essa
escola começou a tomar forma quando a infância ganhou novas cores e nuances,
quando a mesma foi inventada, isso por volta do século XVI, por religiosos os
quais a definiram nada alheia aos interesses dos seus apostolados, procurando
doutrinar aqueles seres indefesos, maleáveis, fracos de juízo e rudes. Foi
então que a partir da definição de um estatuto da infância que se permitiu o
aparecimento da escola nacional. Contudo, a infância para as classes populares
não era pensada da mesma maneira que para as classes mais abastadas, assim,
desde seus primórdios, “A educação será um dos instrumentos chave utilizados
para naturalizar uma sociedade de classes ou estamentos” (página 4 maquinaria)
Desta
maneira, com uma sociedade que excluía as crianças das classes mais populares,
a partir do século XIX quando a escola começa a ser obrigatória, a história da
exclusão dentro da sociedade continua sendo reproduzida dentro dessa
instituição, com professores que menosprezavam “a cultura das classes humildes,
seus hábitos e costumes, desprezo reforçado e justificado pelos cursos da
Escola Normal” (p.14). Ao pensarmos então na ação pedagógica dentro desse
modelo de escola encontramos um “professor que não possui tanto saber, mas
técnicas de domesticação, métodos para condicionar e manter a ordem; não
transmite tanto conhecimento, mas uma moral adquirida em sua própria carne na
sua passagem pela Escola Normal” (VARELLA, 1992, p.14).
Essa
ação pedagógica que foi caracterizada anteriormente, está baseada no empirismo,
onde o professor fala e o aluno apenas executa, o professor é detentor do
saber, o conhecimento é apenas transmitido para o aluno, o qual é considerado
como uma tábula rasa,
Como se vê, esta pedagogia, legitimada pela
epistemologia empirista, configura o próprio quadro da reprodução da ideologia;
reprodução do autoritarismo, da coação, da heteronomia, da subserviência, do
silêncio, da morte da crítica, da criatividade, da curiosidade. Nessa sala de
aula, nada de novo acontece: velhas perguntas são respondidas com velhas
respostas. A certeza do futuro está na reprodução pura e simples do passado. A
disciplina escolar – que tantas vítimas já produziu – é exercida com todo
rigor, sem nenhum sentimento de culpa, pois há uma epistemologia, uma
psicologia (da qual não falamos aqui) e uma pedagogia que a legitimam. O aluno,
egresso dessa escola, será bem recebido no mercado de trabalho (BECKER, 1994, p.3).
Infelizmente,
essa pedagogia ainda ronda os corredores das nossas escolas e continua tornando
as nossas crianças marginalizadas, formando robôs prontos para apenas obedecer.
Como bem sabemos, essa intenção de colocar para funcionar uma engrenagem assim
serve somente aos interesses dos que detém o poder sócio-econômico-político, ou
seja, essa intenção, essa política é ideológica.
Contudo,
ainda assim é possível deslocar as peças dessa maquinaria, o que se torna
viável se além de vermos esse sistema e nos indignarmos com ele, enxergamos o
mesmo de fato, refletindo a respeito e fazer com que nossos alunos também
reflitam. Um caminho para isso é através de uma proposta construtivista, na
qual o professor acredita que o aluno construirá algum conhecimento novo se ele
agir e problematizar a sua ação, onde esse aluno não é visto como uma tábula
rasa, mas um amontoado de conhecimento prévio apto a fazer novas descobertas,
assim
O resultado dessa sala de aula é a construção e a
descoberta do novo, é a criação de uma atitude de busca, e de coragem que esta
busca exige. Esta sala de aula não reproduz o passado pelo passado, mas
debruça-se sobre o passado porque aí se encontra o embrião do futuro” (Becker, 1994, p. 12)
Assim
sendo, somente a partir de uma sala de aula onde se garanta um espaço baseado
numa relação horizontal entre professor e aluno, onde haja parceria e diálogo
como o próprio Freire (1991) nos diz que é nele que se “enfatiza a reflexão, a
investigação crítica, a análise, a interpretação e a reorganização do
conhecimento”, onde o professor é mediador das relações interpessoais e
facilitador do descobrimento, que se pode construir uma escola efetivamente
democrática,
O que mais precisamos fazer é nos munir
de argumentos, de olhares críticos sobre o que está posto, precisamos burlar o
sistema, ir além dele, jogar luz nas nossas salas de aula e enchê-las de
questionamentos, de criticidade, de desafios, enchê-las de conhecimento, mas
principalmente de alunos pensantes, formar cidadãos reflexivos a tal ponto de
não reproduzirem um sistema falido que
exclui, que enxota, que é desigual e injusto. Que a diferença comece por aquele
projeto do qual os alunos sempre vão se lembrar que participaram na sua aula,
daquela atividade simples em que colocaram o corpo em movimento, daquela troca
gostosa, daquele olho no olho.
Planejamento, um ato político-pedagógico
O ato de planejar é constante e se faz necessário no nosso dia-a-dia. O planejamento de ensino é um momento muito importante do ato pedagógico. Desta maneira, a "ação pedagógica escolarizada, quando consciente, não poderá, pois distanciar-se da intenção política do tipo de ser humano que a educação pretende promover"(Rays, 2000).
O planejamento revela muito qual a concepção de educação que um professor tem, pois todo e qualquer planejamento não está descolado de uma concepção ideológica da educação, como já dizia Freire, "Não há neutralidade na educação".
Para Rays (2000) há alguns momentos desse ato, um dos primeiros é "a escola e realidade social", o qual diz respeito em como é aquele lugar, é a radiografia daquele espaço; o segundo momento ele chama de "retrato sócio-cultural", que é onde há a análise daquele lugar, nesse momento o olhar fica mais aguçado para se olhar criticamente para a escola e a sua comunidade; há também os "objetivos de aprendizagem e conteúdos de ensino" e geralmente, infelizmente, o planejamento na maioria das escolas só começa a partir daqui; posteriormente temos os "procedimentos de ensino-aprendizagem"; e por último, mas não menos importante, temos a avaliação, que está intimamente ligado aos quatro momentos anteriores.
Planejamento é a dimensão política do ato educativo, todo o planejamento de uma ação pedagógica tem uma intenção, logo não é possível descolar as palavras político-pedagógico deste momento que é crucial para a aprendizagem dos alunos.
quarta-feira, 11 de abril de 2018
Adquirindo Linguagem
A aula presencial de Linguagens foi repleta de muitas linguagens... Conversamos sobre a aquisição da nossa linguagem, sobre as nossas hipóteses a respeito, ouvimos uma linda música do Caetano que brinca lindamente com as palavras e tivemos um momento sensorial onde pudemos debater um pouco sobre as diferentes linguagens e culturas com objetos/signos que são significativos para certas culturas.
Além disso, foi proposta a leitura do texto "Aquisição da Linguagem", de Samanta Demétrio da Silva, onde a partir dele pudéssemos montar um mapa conceitual. Sendo assim, abaixo está o meu, onde tento explicar de maneira rápida e prática os conceitos que estavam no texto.
Além disso, foi proposta a leitura do texto "Aquisição da Linguagem", de Samanta Demétrio da Silva, onde a partir dele pudéssemos montar um mapa conceitual. Sendo assim, abaixo está o meu, onde tento explicar de maneira rápida e prática os conceitos que estavam no texto.
As tecnologias e os seus desafios
Atualmente, inúmeros são os desafios que precisam ser superados em relação à tecnologia, especialmente no contexto escolar. Podemos destacar dentre tantos a falta de ambientes informatizados devidamente equipados e com a manutenção em dia, outro ponto a se levar em consideração são professores que por mais que já façam uso da tecnologia em suas vidas pessoais, ainda não trazem para o seu cotidiano profissional nenhum tipo de tecnologia, fazendo com que as suas aulas sejam um mundo à parte, desta maneira surge outro grande desafio: o choque de cultura, onde a cultura digital dos alunos entra em conflito com a cultura analógica de muitos professores.
Um dos desafios que elencamos no nosso grupo foi a falta de ambientes equipados e com a mínima manutenção para que os alunos pudessem ter acesso à pesquisa, por exemplo. Em quatro das cinco escolas onde lecionamos não há a possibilidade de se fazer um trabalho dentro dos ambientes informatizados pois esse local, apesar de existir, praticamente não há computador funcionando nele.
Outro aspecto importante e desafiador é a desconexão que muitos colgas docentes têm da escola e suas aulas com as tecnologias atuais. Muitos ainda carregam consigo livros de décadas atrás, o seu planejamento é da mesma maneira há anos, porém, o colega tem um celular da última geração, paga as contas pela internet e interage como ninguém nas redes sociais. Sabemos que não é possível mais descolar tanto assim a realidade de fora da escola da de dentro.
Nossos alunos nasceram em meio a tecnologia, em casa, no mínimo através de uma pessoa da família, vários deles já tiveram algum tipo de acesso à tecnologia, desta maneira, podemos considerá-los como sendo parte de uma cultura digital, a qual inúmeras vezes entra em conflito com a cultura analógica de muitos professores, os quais só foram ter acesso ao computador na idade adulta, por exemplo. Muitas vezes os próprios alunos tentam burlar o sistema trazendo os celulares para dentro da sala de aula, contudo, como há esse choque de cultura, isso produz mais conflito do que aprendizado.
Como podemos ver, os nossos desafios não são poucos, passamos pela parte estrutural dos ambientes, pela formação dos professores e pelo choque de cultura que há entre duas gerações tão distantes tecnologicamente e percebemos que com desafios tão grandes faz-se necessária a nossa reflexão diária, a nossa formação no curso de pedagogia a distância ampliando o nosso olhar para além das redes sociais, criando grandes e efetivas redes de aprendizagem com os nossos alunos, para que então possamos superar esses grandes desafios.
Comênio, o pai da Didática Moderna
Comênio foi um grande pensador da Educação e revolucionou o modo de pensá-la
quando propôs um novo “como” dentro da sala de aula com o seu livro “DidáticaMagna”, em 1638, que foi quando o “velho modo de ensinar se passa ao novo”.
Dentro desse novo modo de ensinar proposto por Comênio, há elementos na sua
pedagogia que considero de extrema importância e muito se fazem presentes
dentro da minha sala de aula, os quais são: a consideração do aluno, o ensino
igual para todos, o realismo do ensino e o relacionamento professor e aluno.
A consideração do aluno da qual Comênio falava era “respeitar a
capacidade de compreensão do aluno”, indo do mais fácil para o mais difícil e
isso é uma das minhas práticas em sala de aula, inclusive o diagnóstico inicial
que faço na turma e o acompanhamento através de observação direta auxiliam e
muito nessa consideração, pois sei quem ele é, em qual nível de compreensão
está e a partir disso posso pensar em atividades que se aproximem dele e o
desafiem para que ele possa continuar construindo a sua aprendizagem.
Outro elemento da pedagogia de Comênio é o ensino igual para todos,
homens e mulheres. Esse elemento foi revolucionário na época onde as mulheres
eram muito menos que os homens. Atualmente essa distância entre os gêneros
diminuiu muito, mas ainda existe, sendo assim, dentro da minha sala de aula
proponho muito essas discussões e trabalhos a respeito para que possamos
desconstruir estereótipos, acabar com preconceitos e construir uma sociedade
mais justa e igualitária.
Comênio também falava que a aprendizagem começava a partir de experiências
concretas e esse é mais um dos elementos que está presente na minha sala de
aula. Proponho sempre partir de uma atividade mais concreta para que possamos
de fato ter um aprendizado mais significativo. Um exemplo disso é que estamos
trabalhando atualmente o corpo humano e este tipo de trabalho parte sempre do
corpo do próprio aluno.
Por fim, o quarto elemento da pedagogia de Comênio, é o relacionamento
professor e aluno. Assim como ele também considero como fundamental para a
aprendizagem, pois essa relação será a base para que possam acontecer ricas
trocas entre professor e aluno e o processo de construção do conhecimento possa
então também ser mais prazeroso.
Desta maneira, podemos perceber que os elementos da pedagogia de Comênio
continuam vivos e estão muito presentes em sala de aula, fazendo com que o modo
de ensinar possa tornar-se mais leve, havendo prazer ao ensinar e aprender.
terça-feira, 27 de março de 2018
Sobre ter asas
Temos vivido dias
sombrios nas mais diferentes áreas. Na educação não tem sido
diferente: todo aquele cenário frio e inóspito representado no
curta “Escolas Democráticas” (proposto na interdisciplina de Seminário Integrador VII) não se distancia muito das nossas escolas e
parece que há uma caça aos professores: em manifestações
pacíficas apanhamos literalmente, nas escolas, apanhamos, no sentido
figurado, de um sistema que visa apenas o lucro e que não aceita
questionamentos, logo, professor que faz pensar é muito perigoso.
Sendo assim, não é possível assistir ao curta e não fazer relação
direta com a nossa escola atualmente, em como ela pode ser uma
gaiola, autoritária e antidemocrática, para todos, professores e alunos.
Entristece saber
que nosso sistema de ensino engessa algumas ações coletivas e que
muitas das vezes conseguimos romper com essa lógica apenas
individualmente, em pequenas ações dentro das nossas salas de aula.
Esse sistema de ensino é extremamente autoritário, impõe tudo:
modos de agir e de pensar, ou melhor dizendo, não pensar, estabelece
padrões, acaba não dando voz e deixando à margem inúmeros alunos.
Da mesma maneira, a
imagem que aquela escola do curta passa é de uma gaiola, que prende
os alunos num espaço físico, Rubem Alves já nos fala que
Escolas
que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do
voo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados,
o seu dono pode levá-las para onde quiser. Pássaros engaiolados
sempre têm um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência
dos pássaros é o voo.
O
que observamos no curta são alunos-pássaros tristes, que não sabem
de toda a sua capacidade de voar, de ir além, mal sabendo que a sua
verdadeira essência é o voo. Alves faz justamente um contraponto a
essa gaiola falando que
Escolas
que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são
os pássaros em vôo. Existem para dar aos pássaros coragem para
voar. Ensinar o vôo, isso elas não podem fazer, porque o vôo já
nasce dentro dos pássaros. O vôo não pode ser ensinado. Só pode
ser encorajado.
Ou
seja, ao olharmos para a escola autoritária e engaiolante que se
forjou com anos e anos de dominação e refletirmos sobre essa outra
escola possível, uma escola democrática que é asa, é impossível que não
possamos lutar por ações, debates e discussões dentro dos espaços
escolares e para fora deles também pensando sobre esse outro lugar possível e fazendo ele acontecer. Escola democrática é construção coletiva e dentro dessa construção cada um tem voz e vez para ser e fazer.
Ao olhar para as escolas onde leciono percebo uma tentativa de engessamento da parte da mantenedora e uma contínua resistência de nós professores para com esse sistema engaiolante. Não tem sido nada fácil: estamos adoecendo, perdendo a motivação, a força. Confesso que antes de iniciar o ano estava totalmente desmotivada e sem nenhuma perspectiva positiva em relação a esse ano letivo. Contudo, foi numa reunião de início de ano de uma das escolas, quando conversávamos sobre o porquê de estarmos nesse espaço e de sermos quem somos que voltei o olhar novamente para os meus alunos e percebi então que a luta e a resistência não se fazem apenas fora das quatro paredes de uma sala de aula, nas paralisações, assembleias, reuniões ou greve. A resistência deve acontecer em todo e qualquer lugar, mas principalmente dentro da sala de aula, nas aulas, com os alunos. Foi depois do primeiro dia de aula que tomei um novo fôlego, alimentei meu coração de esperança, preenchi a cabeça de ideias, levantei a cabeça e sigo!
domingo, 18 de março de 2018
Sobre ética e alteridade
"O que estamos fazendo uns com os outros?", Márcia Tiburi abre o seu vídeo falando um pouco a respeito da ética, do seu aprendizado que é também um aprendizado de convivência e que ela também é uma produção da cultura.
Em certa altura do vídeo, ela fala sobre a relação entre dois conceitos: ética e alteridade. Ao pesquisar um pouco sobre alteridade, sobre essa capacidade de se colocar no lugar do outro é inevitável não relacionar esse conceito com a interdisciplina de educação de pessoas com necessidades educativas especiais no sentido de que muitas das vezes enterramos a nossa cabeça na terra como avestruzes não querendo enxergar a realidade e não pensamos que ali na nossa frente há um outro que também sente, que pulsa, que vive.
Uma fala recorrente entre professores que têm aluno com alguma necessidade educativa especial é "Eu não sei o que fazer com ele.". Ao encontro dessa fala Tiburi diz que "Só vamos encontrar a nós mesmos no momento em que eu estiver disponível para esse estranho", ou seja, no momento que eu desenterrar a minha cabeça e transpor a ponte que me separa daquele aluno, quem sabe de fato eu não comece a me encontrar e encontrar estratégias para trabalhar com aquele aluno em sala de aula.
Em certa altura do vídeo, ela fala sobre a relação entre dois conceitos: ética e alteridade. Ao pesquisar um pouco sobre alteridade, sobre essa capacidade de se colocar no lugar do outro é inevitável não relacionar esse conceito com a interdisciplina de educação de pessoas com necessidades educativas especiais no sentido de que muitas das vezes enterramos a nossa cabeça na terra como avestruzes não querendo enxergar a realidade e não pensamos que ali na nossa frente há um outro que também sente, que pulsa, que vive.
Uma fala recorrente entre professores que têm aluno com alguma necessidade educativa especial é "Eu não sei o que fazer com ele.". Ao encontro dessa fala Tiburi diz que "Só vamos encontrar a nós mesmos no momento em que eu estiver disponível para esse estranho", ou seja, no momento que eu desenterrar a minha cabeça e transpor a ponte que me separa daquele aluno, quem sabe de fato eu não comece a me encontrar e encontrar estratégias para trabalhar com aquele aluno em sala de aula.
sábado, 17 de março de 2018
Aprendizagem X Desenvolvimento
Neste semestre, na interdisciplina de psicologia, foi proposto que revisitássemos alguns conceitos importantes e que são muito pertinentes a toda e qualquer sala de aula. Debatemos muito sobre desenvolvimento e aprendizagem e ficam claras algumas diferenças entre aprendizagem
e desenvolvimento.
Desenvolvimento é um “processo espontâneo,
ligado ao processo global da embriogênese” e alguns fatores são capazes de
explicá-la, tais como a maturação, experiência e os efeitos do ambiente físico
na estrutura da inteligência, transmissão social, equilibração.
A aprendizagem está
subordinada ao desenvolvimento e “em
geral, é provocada por situações (provocada por alguém, um professor, por
exemplo)”, ou seja, ela não ocorre da mesma forma que o desenvolvimento, ela
não se dá espontaneamente e “é um processo limitado a um problema simples”.
Sendo assim, considerando que a
aprendizagem não se dá de maneira espontânea o construtivismo vai ao encontro
da mesma, pois ele inclui o aluno, facilita a assimilação ativa já que acaba
por contextualizar conceitos, não separa a forma e conteúdo, apesar de não
confundir os mesmos.
Desta maneira, podemos deixar
evidente as diferenças entre aprendizagem e desenvolvimento e o quão importante
é o construtivismo para a construção do conhecimento dos alunos, ou seja, para
a aprendizagem, pois o mesmo é capaz de incluir o aluno no processo, colocando-o como protagonista nesse cenário.
sexta-feira, 16 de março de 2018
Quebrando paradigmas
O vídeo abaixo foi retirado do YouTube e mostra uma criança totalmente desajustada aos padrões do lugar onde vivia e nos faz pensar exatamente nisso: quantos alunos não estão fora de certos padrões estabelecidos? Quem estabelece esses padrões? Não somos nós professores dentro das nossas salas de aula os principais responsáveis por essa quebra de paradigmas? Convido-o agora agora a assistir ao vídeo e pensar também um pouco a respeito.
Inclusão e acesso
A acessibilidade é um tema muito relevante quando falamos de alunos com necessidades educativas especiais. Todos temos o direito de ir e vir e dentro de uma escola, incluir é também pensar em como um aluno que tem alguma necessidade especial no deslocamento locomover-se, sendo capaz de ocupar todos os espaço. Já tive aluno cadeirante e encontrei algumas dificuldades para trabalhar com ele, principalmente no que se referia ao seu deslocamento.
A sala de aula tinha uma rampa improvisada, algumas salas, como o ambiente informatizado e a sala de vídeo eram no 2º andar e não havia possibilidade nenhuma de acesso do aluno àqueles espaços.
A escola em momento algum pensou em descer essas salas e torná-las acessíveis ao aluno, nem tampoucou a mantenedora pensou em fazer daqueles espaço mais acessível para ele. Eu e os meus alunos fazíamos o que podíamos, mas ficava claro que aquele sistema de ensino não incluía aquele aluno.
Professor pesquisador e o Método Clínico
O que me chamou a atenção a respeito do método clínico é o olhar que se tem sobre o indivíduo no atendimento e desenvolvimento das crianças.
Levar esse método para a sala de aula é desafiador, propõe reflexões profundas pois nos possibilita muitas análises.
Contudo, acredito para que o método seja realmente bem aplicado seriam necessárias mais leituras a respeito para que as observações pudessem ser mais embasadas. Desta maneira, poderia-se fazer um professor reflexivo que pensa sobre: sobre o seu aluno, sobre a sua sala de aula, sobre a sua prática docente.
Para lembrar de não esvaziar a discussão
A epistemologia genética é muito importante para a educação, ela fez enxergar de uma maneira diferente o indivíduo em desenvolvimento e o seu processo de construção do conhecimento, ambos os conceitos que são o carro chefe de uma escola.
Hoje em dia, são tantas as lutas que temos travado que as mesmas têm nos deixado um tanto quanto tontos, sem rumo e sem refletir sobre um questionamento sobre qual o porquê da escola, o qual é tão importante.
Sinto que muitas vezes temos esvaziado as nossas discussões sobre aprendizagem, construção do conhecimento, metodologia entre outros assuntos em função de governos e governantes que excluem cada vez mais os excluídos.
quinta-feira, 15 de março de 2018
Cruzando pontes, deixando crocodilos para trás
Nossa vida na escola parece uma selva muitas vezes: matamos um leão por dia quando chegamos e nos deparamos com o descaso e esquecimento do poder público para conosco;
Contudo, muitas das vezes não conseguimos lidar com os nossos próprios bichos. Amaral fala muito bem dos nossos bichos quando o assunto é inclusão, ela fala dos crocodilos que nos cercam e em como nos transformamos muitas vezes em avestruzes quando o assunto é necessidades educativas especiais: "Quanto aos mitos, penso que o profundo abismo que separa o mito da realidade pode ser simbolizado como os fossos repletos de crocodilos dos castelos medievais. Brincando com a ideia, tenho nomeado esses hipotéticos crocodilos de preconceitos, estereótipos e estigma".
Amaral ainda nos diz que existe uma ponte para transpor esses crocodilos e que ela é a oportunidade de encontro seja "ao vivo e em cores" ou por meio de um livro. Porém, se nesse momento de encontro eu me comportar como um avestruz, fugindo desse encontro, enterrando a cabeça na areia, desperdiçarei uma grande oportunidade.
Acredito muito que o nosso curso é um desses momentos de encontro, pois tive grandes momentos de aprendizado no que se refere à educação de pessoas com necessidades educativas especiais. Espero ter aproveitado a oportunidade.
quarta-feira, 14 de março de 2018
Um índio, muitas histórias
Logo quando se começa a falar sobre cultura indígena pode ser que se pense em alguns estereótipos a respeito dos índios, principalmente no que se diz respeito à sua alimentação, modo de vida e vestimentas. Enfim, muitas das vezes, colocam os índios dentro de um mesmo grupo cultural.
Contudo, Daniel Munduruku, índio e escritor em seu livro "Coisas de índio" fala muito sobre a diversidade da própria cultura indígena no Brasil, assim como as autoras Bergamaschi & Gomes nos trazem que "Podemos dizer que, em geral, os saberes selecionados oficialmente nas escolas desconsideram a pluralidade de povos indígenas, hoje presentes na nação brasileira com cerca de 240 diferentes etnias, relegando-os a uma visão generalizada".
Desta maneira, assim como com a cultura afro-brasileira, há muito o que ser estudado e acredito eu que careço de formação e informação sobre. Não podemos reduzir a cultura indígena ignorando a sua diversidade.
segunda-feira, 12 de março de 2018
A diversa diversidade
Desde que comecei a fazer concurso dificilmente passo uma prova sem esbarrar em alguma questão sobre a lei 10.639. Mas afinal, quem é essa e o que ela nos diz? Basicamente ela nos traz que:
"LEI No 10.639, DE 9 DE JANEIRO DE 2003. Altera a Lei no9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira", e dá outras providências."
Desta maneira, História e Cultura Afro-Brasileira devem fazer-se presente nos currículos escolares e "cabe aos sistemas de ensino, no âmbito da sua jurisdição, orientar e promover a formação de professores e supervisionar o cumprimento das Diretrizes". Ou seja, não basta apenas a lei, é preciso que ainda exista ações para que ela de fato seja colocada em prática e uma delas passa pela formação de professores.
sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018
Pensando Piaget
Piaget é um daqueles pensadores recorrentes dentro da educação, sendo assim, ele já me acompanha há 15 anos. Há 15 anos eu o leio, releio e essa leitura sempre traz um novo desdobramento, a partir dela sempre faço uma releitura dele e de mim mesma. Acabo de ler o seu texto "Desenvolvimento e aprendizagem" e não posso deixar passar algumas questões importantes que por vezes passam batidas por mim em sala de aula, tais como o conceito de desenvolvimento e aprendizagem, por exemplo, a assimilação ativa e o construtivismo.
Na última apresentação do Workshop de avaliação, ao sermos questionadas sobre as diferenças entre desenvolvimento e aprendizagem travamos, confundimos conceitos, falamos muito, menos que ambos são coisas distintas, que a aprendizagem é subordinada ao desenvolvimento, que esse é um processo espontâneo, em oposição à aprendizagem, a qual é provocada por situações ou alguém e que é um "processo limitado a um problema simples". Logo, nós professores, precisamos, fundamentalmente ter esses dois conceitos muito claros para que possamos ser essa pessoa que provoca o aprendizado.
Outra questão muito importante levantada no texto é sobre uma questão fundamental à aprendizagem, que é a assimilação ativa, a qual é a "integração de qualquer espécie de realidade em uma estrutura". Mas afinal, é isso que eu tenho me proposto a provocar aos meus alunos? E de que maneira fazer isso? de que maneira provocar essa aprendizagem, fazendo com que eles construam o seu próprio conhecimento?
Para que possamos tentar responder a essas perguntas, temos o construtivismo como teoria capaz de abarcar essas questões e oferecer a nós professores uma possibilidade de sermos conhecimento e não de determos conhecimento, pois esse ambiente que não é construtivista acaba por excluir cada vez mais aquele aluno que já está à margem.
sexta-feira, 19 de janeiro de 2018
Educação de pessoas com necessidades educativas especiais
Retomamos o nosso semestre de estudos e nesse período teremos como uma das interdisciplinas a "Educação de pessoas com necessidades educativas especiais" e refletindo sobre o que, a priori, a interdisciplina nos leva a pensar, no que se refere a história das pessoas com deficiência eu conhecia apenas algumas leis, tratados e o quanto o preconceito sempre teimou em excluí-las. Quanto ao seu movimento social eu desconhecia muitas das suas lutas tanto que uma das frases que mais me marcou logo no início do vídeo foi a seguinte "Eu era merecedor de caridade, mas não de cidadania".
Enxergar as pessoas com deficiência enquanto protagonistas da sua própria história, respeitar o seu espaço de fala e ouvir essa fala como estamos fazendo assistindo a esse vídeo é tirar da invisibilidade pessoas que, como qualqer outra, merecem respeito. Um dado importante sobre isso é que a partir do final da década de 1970 começou a haver diferenciação entre o movimento DE deficientes e o de PARA deficientes.
Outra fala muito importante no vídeo foi sobre a falta de oportunidades que as pessoas com deficiência têm, o que acaba esbarrando na sociedade como um todo, mais especificamente na escola, onde geralmente é o primeiro grupo social fora da família que a criança começa a frequentar. Nesse ponto, o texto aborda a educação inclusiva, trazendo à luz a escola inclusiva e como nós, enquanto comunidade escolar, podemos acolher esse aluno, adaptando o espaço escolar, fazendo com que ele seja a primeira grande oportunidade daquele ser de (r)existir.
Enxergar as pessoas com deficiência enquanto protagonistas da sua própria história, respeitar o seu espaço de fala e ouvir essa fala como estamos fazendo assistindo a esse vídeo é tirar da invisibilidade pessoas que, como qualqer outra, merecem respeito. Um dado importante sobre isso é que a partir do final da década de 1970 começou a haver diferenciação entre o movimento DE deficientes e o de PARA deficientes.
Outra fala muito importante no vídeo foi sobre a falta de oportunidades que as pessoas com deficiência têm, o que acaba esbarrando na sociedade como um todo, mais especificamente na escola, onde geralmente é o primeiro grupo social fora da família que a criança começa a frequentar. Nesse ponto, o texto aborda a educação inclusiva, trazendo à luz a escola inclusiva e como nós, enquanto comunidade escolar, podemos acolher esse aluno, adaptando o espaço escolar, fazendo com que ele seja a primeira grande oportunidade daquele ser de (r)existir.
Paulo Freire: Presente!
Nos dias 20 e 21 de agosto que passaram participei do “I Seminário de Educação Popular: crianças, jovens, adultos e o legado de Paulo Freire”, em memória aos 20 anos da morte do nosso grande mestre. O evento foi lindamente organizado por um coletivo de professores das escolas municipais de Porto Alegre situadas na Lomba do Pinheiro e com uma grande organização movimentou um expressivo número de professores em torno de temáticas freirianas, sendo a principal delas a Educação Popular.
Na noite do dia 20 contamos com a abertura do grupo de música da E.M.E.F. Afonso Guerreiro de Lima que é orquestrado pelo professor Nilson. O repertório é todo lindo e eu, particularmente, destaco a música “O trono de estudar”, pois essa música traz uma temática de Freire bem pontual que é a liberdade, pois ensinar exige liberdade e autoridade.
Também contamos com um painel “Escola Pública e Educação Popular: desafios urgentes”, com Alexandre Virgínio, Isabela Camini e Monica de La Fare que foi um momento de muita reflexão sobre o atual cenário histórico-político que vivemos onde a educação pública está à mercê daqueles que sabem bem que ela é poderosa.
No dia 21, sábado, tivemos a abertura de um coral infantil do CPCA com a fala do frei franciscano, logo após fomos para os relatos de experiências. Os relatos foram um momento a parte, foi especial pelo relato que fiz do trabalho sobre jogos e brincadeiras (do qual já falei aqui) juntamente com as minhas colegas paralelas contando um pouco como surgiu o trabalho e quais os frutos que já estávamos colhendo desse trabalho que está fazendo com que os alunos construam mais significativamente os seus conhecimentos.
Como encerramento do Seminário pudemos desfrutar da fala de uma doutora, a primeira moradora da Lomba do Pinheiro que alcançou o doutorado. Negra, sempre estudando em escola pública e educadora social, fez o relato da sua incrível experiência de vida e de alguns momentos que para mim, na minha posição privilegiada que tenho, devem ser sempre fonte de reflexão sobre racismo e educação popular.
Cada momento do Seminário serviu como um acalento, um abraço, um novo sopro de esperança em meio a esse mar de lama, sob pressão, salário parcelado e descaso com a educação. Estar com os colegas, trocar olhares, experiências, dores e alegrias fez com que eu recarregasse as minhas energias e retornasse para a escola para ficar e para lutar, por mim e por eles.
Na noite do dia 20 contamos com a abertura do grupo de música da E.M.E.F. Afonso Guerreiro de Lima que é orquestrado pelo professor Nilson. O repertório é todo lindo e eu, particularmente, destaco a música “O trono de estudar”, pois essa música traz uma temática de Freire bem pontual que é a liberdade, pois ensinar exige liberdade e autoridade.
Também contamos com um painel “Escola Pública e Educação Popular: desafios urgentes”, com Alexandre Virgínio, Isabela Camini e Monica de La Fare que foi um momento de muita reflexão sobre o atual cenário histórico-político que vivemos onde a educação pública está à mercê daqueles que sabem bem que ela é poderosa.
No dia 21, sábado, tivemos a abertura de um coral infantil do CPCA com a fala do frei franciscano, logo após fomos para os relatos de experiências. Os relatos foram um momento a parte, foi especial pelo relato que fiz do trabalho sobre jogos e brincadeiras (do qual já falei aqui) juntamente com as minhas colegas paralelas contando um pouco como surgiu o trabalho e quais os frutos que já estávamos colhendo desse trabalho que está fazendo com que os alunos construam mais significativamente os seus conhecimentos.
Como encerramento do Seminário pudemos desfrutar da fala de uma doutora, a primeira moradora da Lomba do Pinheiro que alcançou o doutorado. Negra, sempre estudando em escola pública e educadora social, fez o relato da sua incrível experiência de vida e de alguns momentos que para mim, na minha posição privilegiada que tenho, devem ser sempre fonte de reflexão sobre racismo e educação popular.
Cada momento do Seminário serviu como um acalento, um abraço, um novo sopro de esperança em meio a esse mar de lama, sob pressão, salário parcelado e descaso com a educação. Estar com os colegas, trocar olhares, experiências, dores e alegrias fez com que eu recarregasse as minhas energias e retornasse para a escola para ficar e para lutar, por mim e por eles.
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